Missiva ao CHUC motivada pelo Lupi

Ex.mos Srs.

 
Esta missiva é motivada por uma situação, vivida por mim e pelo meu cão de assistência, hoje, dia 19 de Setembro de 2017, poucos minutos passados das 10h00, no 10.º piso, serviço de consultas de otorrinolaringologia.
Quando estava sentado numa cadeira, no corredor, perto do gabinete 6, com o meu cão de assistência deitado aos meus pés, numa das vezes que tentei verificar se ele estava a estorvar no corredor, mexendo nele – uma vez que sou praticamente cego -, reparei que alguém estava a fazer festas ao meu cão. Expliquei que não deveriam fazer festas ao cão, a menos que me seja, diretamente, perguntado e eu concorde. A senhora, de bata branca, não se retratou e continuou a mexer no cão. Não adiantou eu tentar explicar o porquê, e acrescentou que conhecia pessoas que tomavam conta de cães daqueles, aos fins-de-semana e férias – o que só torna a situação mais inusitada. Após muita conversa, que me foi desagradável, e de tentar explicar que o cão era muito bonito, olhou para ela e que abanou logo a cauda, etc. outra pessoa abeirou-se do cão e, corretamente, antes de lhe fazer uma festa, perguntou-me se podia. Quando a minha mulher se aproximou de mim, vinda do guichet, e entrou na conversa, a primeira senhora, que tinha estado a ser sempre simpática mas desagradável, nitidamente preocupada em não “perder a face” em vez de aceitar a falha, acabou por dizer em voz baixa à minha mulher que fez festinhas ao cão de forma a que eu não desse conta que ela estava a mexer no cão, por eu ser cego. Abstenho-me de adjetivar, nesta missiva, esta atitude da funcionária, que acrescentou que já me tinha visto lá mais vezes, mas sem cão – o que bate certo, uma vez que foi a primeira vez que estive naquele piso desde que tenho o cão.
 
Uma vez que, infelizmente, me parece que este comportamento é paradigmático da educação social, num sentido mais lato, portanto, não se cingindo a esta pessoa em particular e face ao exposto, solicito a V.ªs Ex.as que façam circular as regras de boa convivência com estes cães, que junto anexo, a todo o pessoal.

Respeitosamente,

João de Sousa e Silva

Cães de assistência: Saiba o que deve e não deve fazer 
Devido a natureza exigente que reveste o trabalho do cão de assistência, devemos ajudá-los a levarem a cabo a sua tarefa sem qualquer interferência externa. 
Assim, quando encontramos um cão de assistência em trabalho não devemos: 
1. Distraí-lo de qualquer forma; 
2. Tocar no arnês ou na trela, só o seu dono o deve fazer; 
3. Oferecer qualquer tipo de comida; 
4. Passear o nosso cão solto; 
Devemos: 

1. Respeitar o seu trabalho, que é de extrema importância para o seu dono, pela autonomia que oferece ao mesmo. 
2. Ao oferecer qualquer tipo de ajuda, falar primeiro com o dono e não tentar agarrar nenhum deles. 

O cão de assistência destina-se a acompanhar, conduzir e auxiliar a pessoa com deficiência proporcionando uma maior autonomia no seu dia a dia, nos termos regulamentados no Decreto-Lei nº 74/ 2007, de 27 de março.
Fonte:
https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&ved=0ahUKEwj8-tG5l7HWAhWDNhoKHSvCDCYQFggzMAI&url=http%3A%2F%2Fwww.inr.pt%2Fdownload.php%3Ffilename%3DNewsletter_INR_N10-2015.pdf%26file%3D%252Fuploads%252Fdocs%252Fnewsletters%252FNewsletter_INR_N10-2015.pdf&usg=AFQjCNHS5YpOCJookb4BJ_pxuA593g0x9g

1 thoughts on “Missiva ao CHUC motivada pelo Lupi

  1. Rosalina

    Eu sei que é difícil resistir à expressão simpática e acolhedora que o Lupi tem. É um animal que vale tudo quanto pesa e as pessoas que o abordam até pensam que estão a ser simpáticas para o Lupi e para o dono também. Por isso é preciso fazê-las perceber que quando um animal destes está na missão para que foi treinado, não se pode distrair de maneira nenhuma. Quando as pessoas que o tentam distrair ou acarinhar, são chamadas à atenção para não o fazerem até consideram que é uma violência e antipatia do seu dono. Num quadro destes, a missão do dono é mais difícil. Enquanto a sociedade que adora interagir com estes animais, ou até procurar algum conforto emocional para o seu eventual estado de espírito pouco apaziguado e não estiver preparada para saber lidar com estas situações, o dono (repito) está a braços com duas missões: uma é proteger o seu cão deste tipo de interacção, outra é procurar na medida do possível, tentar educar as pessoas para saber como agir nestas circunstâncias (o que não é propriamente agradável, quer para o dono quer para quem tem que ser chamado à atenção). Por isso, penso que não será o último relato, neste sentido que verei publicado pelo Mestre João e investigador da UTAD. Até porque ele é um óptimo comunicador e amigo, dotado de sentido de bom humor! Eu também já fui chamada a atenção neste sentido e só lhe estou agradecida. Assim, o relacionamento é mais autêntico e sem constrangimentos e ainda: aprender não ocupa assim tanto espaço!!!

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