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Manchester: Correu bem

Fui a Manchester! Sem esperar pelo resultado do meu processo, a Sofia pegou em mim e no Lupi e fomos a Manchester. Correu bem! Há, de facto, diferenças. A experiência conta muito, talvez mais que a técnica. É uma pena que o Estado não pegue nas doenças mais raras e envie os doentes a centros especializados, mesmo que fora de portas, e de uma forma natural e automática. Toda a gente ia ficar a ganhar! Cá também se podem especializar em muitas coisas, mas, replicar trabalho… A saúde é uma coisa séria de mais. E, é minha convicção que, mesmo monetariamente, seria vantajoso para o Estado.

 

Mas, entretanto, menos de uma semana volvida da minha consulta em Manchester, a minha dedicada e laboriosa neurocirurgiã, a Dr.ª Carla Domingos, informou-me que o processo tinha sido aprovado! Sim, o Estado consentiu em arcar com os custos monetários da minha ida a Manchester! Fantástico!

 

Vamos agora ver como vai correr o reembolso das despesas. Pode ser que, para variar, seja tudo fácil.

 

Quero aqui deixar claro que o processo demorou um pouco mais do que o que podia ter demorado por incúria minha. Sim, minha! Neste país, quem anda à margem da normalidade, tem que andar muito bem informado. É melhor não contar com automatismos nem assumir que “eles sabem”.

Missiva ao CHUC motivada pelo Lupi

Ex.mos Srs.

 
Esta missiva é motivada por uma situação, vivida por mim e pelo meu cão de assistência, hoje, dia 19 de Setembro de 2017, poucos minutos passados das 10h00, no 10.º piso, serviço de consultas de otorrinolaringologia.
Quando estava sentado numa cadeira, no corredor, perto do gabinete 6, com o meu cão de assistência deitado aos meus pés, numa das vezes que tentei verificar se ele estava a estorvar no corredor, mexendo nele – uma vez que sou praticamente cego -, reparei que alguém estava a fazer festas ao meu cão. Expliquei que não deveriam fazer festas ao cão, a menos que me seja, diretamente, perguntado e eu concorde. A senhora, de bata branca, não se retratou e continuou a mexer no cão. Não adiantou eu tentar explicar o porquê, e acrescentou que conhecia pessoas que tomavam conta de cães daqueles, aos fins-de-semana e férias – o que só torna a situação mais inusitada. Após muita conversa, que me foi desagradável, e de tentar explicar que o cão era muito bonito, olhou para ela e que abanou logo a cauda, etc. outra pessoa abeirou-se do cão e, corretamente, antes de lhe fazer uma festa, perguntou-me se podia. Quando a minha mulher se aproximou de mim, vinda do guichet, e entrou na conversa, a primeira senhora, que tinha estado a ser sempre simpática mas desagradável, nitidamente preocupada em não “perder a face” em vez de aceitar a falha, acabou por dizer em voz baixa à minha mulher que fez festinhas ao cão de forma a que eu não desse conta que ela estava a mexer no cão, por eu ser cego. Abstenho-me de adjetivar, nesta missiva, esta atitude da funcionária, que acrescentou que já me tinha visto lá mais vezes, mas sem cão – o que bate certo, uma vez que foi a primeira vez que estive naquele piso desde que tenho o cão.
 
Uma vez que, infelizmente, me parece que este comportamento é paradigmático da educação social, num sentido mais lato, portanto, não se cingindo a esta pessoa em particular e face ao exposto, solicito a V.ªs Ex.as que façam circular as regras de boa convivência com estes cães, que junto anexo, a todo o pessoal.

Respeitosamente,

João de Sousa e Silva

Cães de assistência: Saiba o que deve e não deve fazer 
Devido a natureza exigente que reveste o trabalho do cão de assistência, devemos ajudá-los a levarem a cabo a sua tarefa sem qualquer interferência externa. 
Assim, quando encontramos um cão de assistência em trabalho não devemos: 
1. Distraí-lo de qualquer forma; 
2. Tocar no arnês ou na trela, só o seu dono o deve fazer; 
3. Oferecer qualquer tipo de comida; 
4. Passear o nosso cão solto; 
Devemos: 

1. Respeitar o seu trabalho, que é de extrema importância para o seu dono, pela autonomia que oferece ao mesmo. 
2. Ao oferecer qualquer tipo de ajuda, falar primeiro com o dono e não tentar agarrar nenhum deles. 

O cão de assistência destina-se a acompanhar, conduzir e auxiliar a pessoa com deficiência proporcionando uma maior autonomia no seu dia a dia, nos termos regulamentados no Decreto-Lei nº 74/ 2007, de 27 de março.
Fonte:
https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&ved=0ahUKEwj8-tG5l7HWAhWDNhoKHSvCDCYQFggzMAI&url=http%3A%2F%2Fwww.inr.pt%2Fdownload.php%3Ffilename%3DNewsletter_INR_N10-2015.pdf%26file%3D%252Fuploads%252Fdocs%252Fnewsletters%252FNewsletter_INR_N10-2015.pdf&usg=AFQjCNHS5YpOCJookb4BJ_pxuA593g0x9g

Manchester # Chegada Complicada 

A ida a Manchester correu bem, falando de uma forma genérica. A ida não prometia grande coisa,
uma vez que o Embraer 195 da TAP Express PGA, ou algo que o valha – não cheguei a entender bem
quem, de facto, operou o voo, só que a TAP, a quem comprámos bilhetes, não foi – saiu com umvalente atraso. Foi curioso observar que, ainda estavam os passageiros todos concentrados na
manga de embarque, à espera que o avião ficasse pronto par embarcarmos, já estavam a fazer o  aviso de última chamada ainda gostaria de saber a necessidade disto.  

Lá entrámos, para a primeira fila, onde não podíamos estar, por eu ser cego, e por estar um cão
deitado no chão, portanto, dois empecilhos à saída de emergência. Mudámos para a fila imediatamente atrás. e lá fomos, confortavelmente sentados, com o Lupi, calmamente, a dormir  aos nossos pés. 

Passados alguns copos de vinho aterrámos em Manchester, e ficámos a aguardar que a assistência nos viesse tirar do avião. Ao chegar, o assistente de terra disse que o cão não podia desembarcar. A
Sofia mostrou o passaporte do Lupi, a que o assistente reagiu dizendo que não era suficiente, e teria
que vir alguém, da emigração, para ler o chip do cão, mesmo tendo nós uma impressão, em papel,
da informação do chip. O assistente teve a gentileza de dizer que ia tentar que fosse rápido, e que na
semana anterior tinha passado por uma situação idêntica, e o desembarque tinha levado 4 horas.  

Entretanto, já toda a tripulação se tinha aglomerado junto de nós, e conversávamos, numa
cavaqueira pouco amena, uma vez que a situação não era confortável. Passados uns minutos, dei-me conta que estava a dialogar com o comandante, que discorria sobre os procedimentos ingleses,
aviões, a mãe, etc. O comandante, simpaticamente, segurou no Lupi enquanto fui à casa de banho
deixar a parte líquida do vinho consumido, e ao voltar, prosseguiu com a conversa, já mais focada no
cão – este cão gera um interesse incrível em todo o lado!  

Passada, mais-ou-menos, uma hora, deixaram-nos sair do avião, para que a tripulação pudesse
prosseguir com o seu trabalho, e levar os passageiros até Lisboa, alguns, eventualmente, para um estadia forçada, uma vez que as somas dos atrasos devem ter feito muita gente perder ligações – o
Turismo de Portugal deveria celebrar um protocolo com a TAP Express. No final, ninguém leu chip nenhum ao cão, nem se quer viram o passaporte. Ou seja, algumas dezenas de euros deitados ao  lixo, e uma diarreia que, creio, terá sido causada pela porcaria que os ingleses obrigam a dar ao cão,
para o desparasitar, mesmo sem haver necessidade. Fiquei lixado – lixado não é a palavra certa. O cãozinho ia fazendo asneira dentro de casa – valeu a minha mãe que o viu a pôr-se a jeito e chamou a
Sofia que foi de urgência com ele à rua. Durante a noite, achámos melhor que ele ficasse a dormir no
nosso quarto, com a porta fechada – ele segura-se muito mais quando está junto a nós. Pareceu adivinhação, uma vez que, durante a noite, ouvi o cão a chorara, acordei a Sofia – 3 e tal da manha,
que, desgraçadamente, foi, outra vez, de urgência com ele à rua. Isto tudo para nada! Tive vontade
de pedir à Sofia para não apanhar as poias que ele foi fazendo em território inglês! O táxi do aeroporto até ao hotel, previamente contratado e pago, mesmo depois de eu ter avisado que era estranho dar como hora de início da espera a mesma hora de chegada prevista do avião, e, ainda, de
eu ter avisado que o avião estava atrasado, cobrou-nos, a mais, sublinho, a mais, 30 libras, que foram somadas aos 50 euros previamente pagos. E ainda não nos deram fatura dessas 30 libras extra. Vigaristas!  

No hotel, porque o Universo estava decidido a testar-nos ao máximo, o nosso quarto não tinha eletricidade.

Manchester

Amanhã vou a Inglaterra! Ainda sem saber se o Estado vai cobrir as minhas despesas – eu acredito que vai!  -, eu e a Sofia decidimos que não devia esperar mais e, assim sendo, marcámos “consulta” – entre aspas porque é muito mais que uma consulta – para esta quarta-feira.

Não sei como vai ser, mas se me fizerem pagar no ato, poderei vir a precisar de alguém que me dê uma sopinha e uma carcaça. Gosto dela bem passadinha, tipo creme, a fumegar. A carcaça, se for integral, tanto melhor.