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Itália #7 – 1.º Aniversário de Casamento

Esta parte da história estava pendurada há anos. Têm sido tempos muito turbulentos. Mas, até me sabe bem escrever. Descarrega qualquer coisa. Espero ser capaz de voltar a fazê-lo.

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No dia 6 de Dezembro, saímos do hotel e, uma vez que estávamos carregadinhos com malas e o trajeto era esburacado, fomos de táxi os poucos metros que separavam o hotel da estação. Descobrimos que o senhor que trabalhava no depósito de malas da estação não falava inglês e, depois de o invetivarmos involuntariamente, tal como o maneirismo que o senhor apresentou indiciava, seguimos carregados até às bilheteiras, onde, por não sabermos que vigorava o sistema de cantina de escola – senha comprada no próprio dia é mais cara –, pagámos um absurdo de dinheiro pelos bilhetes até Veneza.

Depois de esperar pela hora do comboio, sempre no mesmo sítio, para não andar com as malas para trás e para diante, a viagem até Veneza transcorreu sem problemas.

 

Quando chegámos a Veneza Mestre, ainda era dia e, uma vez que, de acordo com a descrição que tínhamos, o hotel era a 200m e o pavimento era maravilhosamente regular, decidimos ir a pé, para poupar o dinheiro do táxi. Infelizmente, a pessoa que fez a descrição do hotel, tinha uma fraca noção de distância.

 

Já de noite, e graças a uma pessoa de ar oriental, que trabalhava num restaurante, a uns 2Km da estação, chegámos ao hotel – que nem em linha reta fica a 200m da estação -, muito cansados e a injuriar a nossa avareza, que por pouco não teve consequências sérias – se tivesse sido hoje, acho que não me tinha aguentado. Mas, não fazia mal. No dia seguinte era o nosso primeiro aniversário de casamento!

 

Acordámos cedinho, tomámos o pequeno-almoço no hotel e apanhámos o autocarro até uma entrada para Veneza velha, na praça de Roma.

Depois de tentarmos, no posto de turismo, saber onde se poderia ter uma boa refeição, num sítio bonito, e que não fosse muito caro, o senhor nos ter começado a explicar o sistema de bilhetes para os transportes, os horários dos barcos e desenhar num mapa o trajeto para a praça de São Marcos, decidimos ir andando, porque até era giro ir à descoberta e, mesmo se fosse um bocado caro, afinal, era o nosso primeiro aniversário de casamento.

 

Foi maravilhoso fazer a viagem de barco, através do Grande Canal, até à Praça de São Marcos com a Sofia, mesmo depois de ter sido posto a bordo pelos potentes braços de um marinheiro.

 

Já tinha estado em Veneza e, por isso, fiquei um pouco impressionado pela inundação, uma vez que nem chovia, e nunca tinha apanhado a cidade daquela maneira. É melhor ir lá o quanto antes…

 

Para os visitantes circularem à vontade, os Venezianos vendiam umas botas de plástico, enormes, que se calçavam por cima do calçado que já trazíamos. Comprámos dois pares, um azul e outro cor-de-rosa. A ideia inicial era eu usar os cor-de-rosa, mas, achámos que ia parecer um engano. Assim, decidimos usar uma bota de cada par cada um. Contudo, o à-vontade que aqueles €5 – ou €10, ou €15, dependendo do vendedor – compravam era frágil. Para nossa sorte, a Sofia cedo reparou num ajuste do à-vontade de uns correligionários que ocorria no meio da inundação da Praça de São Marcos, e passámos sempre ao lado das partes fundas. A Sofia disse-me que as pessoas olhavam para nós, apontavam, sorriam bastante e que achava que deviam estar a fazer pouco dela, uma vez que eu estava ilibado pela minha bengala branca. Que nada! Somos é lindos!

 

À hora de almoço abordámos um taxista, de um barco táxi, e perguntámos-lhe pelo tal restaurante bonito, e que não fosse muito caro. Para nossa surpresa, o taxista indicou-nos um sítio em Rialto, à beira do Grande Canal.

 

Chegados à ponte de Rialto, e uma vez que o restaurante era na outra margem, vivi o momento que terá sido, por ventura, o zénite da minha vida no que diz respeito à boa educação. Passei uns 10 ou 15 minutos a dizer “por favor” e “com licença” nas línguas em que acreditei ser capaz de o dizer, na tentativa de que as dezenas de turistas que contemplavam o Grande Canal se afastassem do corrimão, uma vez que precisava de me apoiar para não dar cabo do resto da minha saúde naqueles degraus infernais.

 

Tivemos um fabuloso almoço comemorativo, na rua, mesmo a centímetros da margem do Grande Canal, onde por vezes, como resultado das ondinhas feitas pelos barcos que iam passando, aquela água cor de camuflado para floresta, onde passou um preservativo a boiar – Veneza é uma linda cidade para amar – ficava mesmo juntinho aos nossos pés.

 

Passámos a tarde a passear, ver palácios, igrejas, recantos, mercadinho de Natal. Etc. Também tentámos ir ao casino, no Palazzo Vendramin, onde se diz que viveu e faleceu o compositor Richard Wagner, mas quiseram €10 por pessoa para entrar. Achámos que Wagner não era uma personalidade boa o suficiente para gastar €20 a ver o sítio onde morou, e fomos embora.

 

Cansados e já na senda da avareza que estava a baixar em nós, voltámos para Veneza Mestre, fomos comprar o nosso jantar a um INTERSPAR, e terminámos o nosso dia de aniversário de casamento, no quarto de hotel, a comer umas fantásticas pernas de frango assadas, saidinhas de um saco de papel. Não foi muito glamoroso, mas foi um belo jantar de despedida de Veneza.

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